domingo, julho 28

“Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo", diz Francisco

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Papa e arcebispo do Rio citam manifestações no encontro com líderes da sociedade civil no Theatro Municipal. Na sexta-feira, protesto prejudicou retorno dos fiéis
Papa Francisco no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 27/07/2013 (AFP)
O papa Francisco defendeu a abertura do diálogo entre governantes e manifestantes, durante discurso no Theatro Municipal, neste sábado. O recado foi para as autoridades que acompanhavam o evento e soou como uma clara referência aos protestos que se espalharam pelo Brasil e, em especial, pelo Rio de Janeiro.“Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade”, afirmou o papa. Na noite de sexta-feira, ao final da via-sacra, um grupo de manifestantes marchou em meio a multidão da praia de Copacabana, causando empurra-empurra e medo nos peregrinos. A manifestação foi organizada pelo Facebook com o nome “Papa, veja como somos tratados”.

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Francisco pediu uma nova política, baseada na ética. “O futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a política, que é uma das formas mais altas de caridade", disse. "Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem precedentes", afirmou o pontífice.

Na plateia, o padre Jesus Hortal, ex-reitor da PUC-Rio, e jesuíta como Francisco, diz que o pontífice não poderia ir além do que disse por não se tratar de um evento brasileiro, mas mundial: “Ele fez um chamado ao diálogo, dado que ele não estava em uma visita ao Brasil e não poderia ser muito mais concreto. Por isso uma frase de sentido geral. Tem havido manifestações muito desagradáveis de um pequeno grupo. Os peregrinos se sentiram ofendido com o protesto. Manifestar é legítimo, não é para se calarem ou agirem de forma violenta. Daí a importância do diálogo”.

Antes de começar a fala do papa, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, fez uma introdução, citando, diretamente, a onda de protestos na cidade, que, de forma geral, acabam em conflito entre a polícia e manifestantes. “Há algumas semanas atrás vimos manifestações pacíficas por um país mais justo, em busca de uma vida fraterna e digna”, afirmou para uma plateia composta de políticos e representantes da sociedade civil. "Rezamos muito para que a juventude fosse protagonista de um mundo novo. E temos certeza que, com os valores cristãos, tudo ocorrerá em paz", disse.

Depois das palavras de Francisco, um grupo de meninas subiu ao palco e se sentaram ao redor do papa ao som de Cidade Maravilhosa. O pontífice levantou-se da cadeira e abraçou as crianças. Em seguida, foi a vez da entrada de um grupo de índios pataxós chegar perto de Francisco. Os indígenas deram um cocar ao papa, que, imediatamente colocou na cabeça enquanto os convidados iam ao delírio. No fim, as cortinas do teatro fecharam aos gritos de “Francisco” entoado pelos que acompanharam emocionados as palavras e gestões do pontífice.

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